Você já parou para pensar que uma simples expressão pode ser a grande sabotadora da sua autoridade? Muitas vezes não é o que você diz, mas como diz.
Neste artigo do Blog do PoP, você aprende como uma das expressões mais populares pode ser a ruína da sua argumentação e como corrigir isso, de agora em diante.
“Nada mais é do que”: a expressão que destrói o valor do que você oferece
“Nada mais é do que” parece inocente – até o momento em que faz o seu serviço parecer comum, a sua palestra menos impactante e o seu produto, dispensável. E o pior: tudo isso acontece sem que você perceba.
Essa expressão parece inofensiva. Mas, se você a usa em contextos específicos, não apenas detona sua comunicação como também o valor do que você está oferecendo.
Em primeiro lugar: o erro gramatical
Antes de falar do efeito comportamental, vamos corrigir o básico:
O correto é “nada mais é do que” e não “nada mais é que”.
O verbo ser, quando usado em construções comparativas ou explicativas, exige a preposição de, formando a locução do que.
O “que” sozinho não cumpre essa função. Ele precisa vir precedido de “de” para estabelecer a relação de equivalência ou comparação. Portanto, a frase correta é:
Isso nada mais é do que um exemplo.
E não: Isso nada mais é que um exemplo.
A forma incorreta soa comum porque muita gente fala assim, mas o uso formal e gramaticalmente adequado é com o do que.
Porém, a preposição do que é obrigatória porque a locução expressa comparação. Mesmo assim, a quantidade de pessoas que falam errado é imensa. O problema não para aqui.
Você vende ideia, produto ou serviço?
A gravidade do ‘nada mais é do que’, na gramática, é só o começo. O verdadeiro problema é o uso da expressão como muleta linguística e como mecanismo de redução de valor.
A origem do problema: a tentativa de minimizar
Usamos “nada mais é do que” para simplificar, explicar ou tranquilizar alguém. É uma forma de minimizar o que está sendo dito e, em muitos casos, essa minimização destrói a percepção de valor.
Pense neste exemplo cotidiano:
Você está em um shopping com uma criança e quer a foto dela com o Papai Noel. A criança, que não é boba nem nada, olha aquele ser estranho, todo de vermelho, barba branca, em um calor de 40 graus, e… Chora. Você quer a foto dela, tenta acalmá-la e diz:
“Filho, aquele moço nada mais é do que uma pessoa vestida de Papai Noel.” ou “Filho, aquele moço nada mais é do que o Papai Noel.”
Aqui, o uso faz sentido? Faz. Afinal, você quer tirar o medo. Quer reduzir o impacto emocional.
Quando a mesma expressão destrói valor
Outro cenário:
Você tem uma clínica de estética. Uma cliente chega ao balcão e pergunta o preço de um tratamento corporal. Você responde: 10 mil reais.
Ela pede mais informações. E você, tentando parecer transparente e acessível, diz:
“Esse aparelho nada mais é do que um ultrassom avançado.”
O que acabou de acontecer?
Você derrubou o valor do seu serviço.
O cérebro da cliente entende essa frase como redução de importância.
Na tentativa de ser simples, você comunicou que aquilo que está oferecendo é comum.
Que não vale tanto.
Que, talvez, o preço não se justifique.
O que o cérebro entende (e o que você quis dizer)
Quando alguém ouve “nada mais é do que”, o cérebro automaticamente traduz como “é só isso”.
Essa tradução inconsciente acontece em milissegundos.
Você quis parecer didático, mas o que a outra pessoa entendeu foi:
- não é tão especial;
- não é tão caro;
- não é tão necessário.
Em contextos de vendas, palestras, aulas ou apresentações, isso é fatal.
A expressão cria uma dissonância entre o que você diz e o que o público percebe.
Comunicação de valor é comunicação de contexto
Em vez de minimizar, você precisa contextualizar:
Explique o que algo é sem reduzir.
Ajuste a forma de apresentar a informação de forma estratégica.
Compare:
❌ “Esse aparelho nada mais é do que um ultrassom avançado.”
✅ “Esse aparelho usa tecnologia de ultrassom avançada, desenvolvida para alcançar camadas mais profundas da pele com total segurança.”
“Qual é a diferença que você percebe entre as duas frases acima?
Na segunda versão, há autoridade, clareza e valor percebido. Você não simplifica. Você explica.
A falsa simplicidade na comunicação
Muitos profissionais confundem simplicidade com empobrecimento da linguagem. No Ponto de Performance, reforçamos constantemente a nossos alunos e mentorandos que:
Ser simples não é diminuir.
Ser simples é tornar compreensível.
A expressão “nada mais é do que” soa como humildade verbal, mas revela insegurança comunicacional. Leve esse ensinamento com você:
Quem domina o assunto não precisa reduzi-lo. Explica com naturalidade, com domínio e sem pedir desculpas por saber.
Como evitar o erro
Substitua por explicações construtivas.
Diga o que algo faz, além do que ele é. Não que ele não é.
Fale com precisão.
Evite comparações com o intuito de “descomplicar”. Prefira mostrar utilidade, impacto ou benefício.
Pratique a consciência verbal.
Antes de falar, pergunte-se: “Essa frase eleva ou diminui o valor do que estou dizendo?”
Elimine o vício do rebaixamento.
Pare de reduzir o que você oferece. A simplicidade pode ser elegante, mas nunca deve ser simplista.
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Dica do PoP
Cada vez que você fala, escreve ou se apresenta, está construindo (ou destruindo) o valor percebido da sua marca pessoal, do seu serviço e da sua credibilidade.“ Nada mais é do que ” pode parecer apenas uma expressão inofensiva. Mas, usada no momento errado, essa expressão cria uma narrativa de desvalorização.
A boa comunicação não é aquela que simplifica o valor. É a que revela o valor com clareza e segurança.
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